Jagdgeschwader 51, operações em África (1942)

Mais um episódio curioso sobre as operações da Jagdgeschwader 51, desta vez no teatro de operações no Norte de África (em princípio não devo escrever um tópico específico sobre o tema porque muita da informação é demasiado cronológica e centrada em movimentos e records individuais e de unidade, o que torna o assunto pouco cativante, na minha opinião).

Apesar de toda a JG 51 em 1942 estar totalmente empenhada na frente leste um dos seus grupos, o II./JG 51, foi surpreendido por uma ordem inesperada. Enquanto reequipavam e treinavam com os novos Fw 190A em Jesau, na Prússia Oriental em Outubro (com o objectivo de se juntarem rapidamente com o resto da JG 51 na Rússia), surgiu uma crise no comando da Luftwaffe – a luta no Norte de África não estava a correr bem, no dia 23 os Ingleses lançaram a ofensiva em El Alamein e eram necessários reforços urgentes. Com o II./JG 51 estacionada em Jesau, mesmo “á mão de semear”, foram recambiados de imediato para sul, na direcção de Itália. “E os nossos novos Fw 190?”, terão perguntado alguns dos surpreendidos pilotos. “Esqueçam, vão passar na fábrica da Messerschmitt em Leipzig em caminho e levam um complemento de Bf 109G-2 tropicalizados”.

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Provas que nem tudo correu de feição em Jesau. A visibilidade frontal no solo na maioria dos caças na WWII era muito restrita, e em particular no Fw 190, devido ao enorme motor radial BMW 801 e á altura do trem de aterragem. Acidentes deste tipo não eram incomuns e o termo usado por tripulantes e pilotos para os descrever não iriam ser do agrado da moderação. Deixo á vossa imaginação.

Depois de uma viagem acelerada por Itália e Sicília, chegaram á base em Sidi Ahmed no Norte da Tunísia a 14 de Novembro. Foi-lhes dado um dia para se aclimatizarem ao terreno e receber algumas lições rápidas sobre o tipo de aviões adversários que iriam encontrar, o que fazer numa aterragem de emergência no deserto, sobrevivência e higiene, etc. Um dos tripulantes exclamou; “Trocamos os piolhos da Rússia pelas moscas de África…”


Contrariando a ideia de sol tórrido e areia da Tunísia, vemos aqui o Bf 109 “Yellow 5” da 6./JG 51 a ser rebocado por um lamaçal num dia de vento e chuva. Apesar da ajuda de um tractor, que se vê por trás da asa direita, é o mecânico que orienta a direcção do movimento ao empurrar a cauda para a esquerda forçando o nariz no sentido oposto.

Mas o dia 18 de Dezembro ficou marcado for um episódio que iria ser lembrado durante décadas. Neste dia o grupo interceptou com sucesso um ataque de bombardeiros B-17 americanos, abatendo 2, mas reportados erroneamente como sendo Shorts Stirling (o que comprova que as lições de reconhecimento dos aviões inimigos não foram tão minuciosas como desejado!). Além disso, o sargento Anton Hafner destruiu dois Lockheed P-38 Lightning de escolta e mais tarde conversou com um dos pilotos, o tenente Norman Widen. Por algum motivo este momento causou tanto impacto em “Toni” Hafner que ele fez questão de registar Widen no seu testamento. Já depois da guerra, nos anos 60, o irmão do piloto alemão, Alfons Hafner, conseguiu convidar o então Major Norman Widen para se deslocar á Alemanha para receber o punhal de oficial e uma das condecorações do irmão (que acabou por morrer em 1944), a Cruz Germânica em Ouro.


Profundamente desanimado, o tenente Norman Widen vê-se rodeado de muitos curiosos da JG 51, para alguns deles provavelmente o primeiro americano que vêem de carne e osso, com Anton Hafner á esquerda. Os olhos escurecidos de Widen não são sinal de nenhum tipo de maus tratos mas resultam da aplicação de cortiça queimada em pasta para reduzir os reflexos do sol (particularmente intensos nos voos a grande altitude em África), um “truque” que muitos pilotos da JG 51 rapidamente adoptaram.

Muito obrigado por um interessante post histórico, para que, talvez possamos sonhar que a história não se repita outra vez, e que a Humanidade tenha aprendido alguma coisa… Mas, infelizmente sobra sempre quem precisamente pensa que não. E; lá temos de novo a guerra na Europa em grande escalada… Esperemos que ainda seja possível conter aquilo naquele buraco lá da Ucrânia, que já é bem grande… Mas, há quem queira nukes na Bielorrússia; super nukes para destruir o mundo em minutos e por aí fora…

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